Esta semana, o Presidente Daniel Francisco Chapo subirá à tribuna da Casa do Povo para cumprir o imperativo constitucional de informar os moçambicanos sobre a Situação Geral da Nação. Fá-lo-á num momento em que a poeira dos acontecimentos tumultuosos de 2025 começa a assentar, permitindo-nos, com a frieza do distanciamento histórico e a agudeza da análise política, fazer o balanço do seu primeiro ano de governação.
Para os detractores de serviço, a tentação de olhar para a folha de cálculo da economia de forma isolada será grande. A oposição, na sua ânsia de capitalizar o desgaste, tentará certamente pintar um quadro cinzento, apontando para a contracção do Produto Interno Bruto (PIB) registada no segundo trimestre [-2,4%] como prova de inaptidão. Contudo, a honestidade intelectual obriga-nos a rejeitar leituras simplistas. O ano de 2025 não foi um ano de gestão corrente; foi um ano de sobrevivência soberana e de fundação estrutural.
Sejamos claros: Daniel Chapo não herdou apenas um país; herdou uma “tempestade perfeita”. O seu mandato iniciou-se sob o signo de uma dupla convulsão: a climática e a política. E é precisamente na gestão destas duas frentes que o Presidente soma pontos decisivos, revelando-se não como um gestor de crises, mas como um estadista de “Força Tranquila”.
O “Rally de Paz”: a vitória do diálogo sobre o caos
O ano iniciou titubiante, refém de uma ressaca pós-eleitoral tóxica. Assistimos, atónitos, a uma tentativa de subversão da ordem democrática liderada por Venâncio Mondlane e seus seguidores, que procuraram transformar o legítimo direito à manifestação numa arma de arremesso contra a estabilidade do Estado e a economia nacional. As ruas arderam, a economia parou e o medo instalou-se.
Onde outros teriam respondido com a musculatura cega da repressão, Daniel Chapo respondeu com a inteligência do afecto e a firmeza das instituições. O Presidente compreendeu que o país não precisava de mais mártires, mas de mais interlocutores.
Foi assim que nasceu o “Rally de Paz”. A assinatura do Compromisso Político para o Diálogo Nacional Inclusivo, a 5 de Março de 2025, no Centro de Conferências Joaquim Chissano, não foi apenas um acto protocolar; foi um golpe de mestre político.3 Ao sentar à mesma mesa nove partidos políticos – incluindo a Frelimo, a Renamo, o MDM e forças extra-parlamentares como a Nova Democracia e a Revolução Democrática – Chapo esvaziou a narrativa do conflito e institucionalizou a divergência.
A promulgação da Lei n.º 1/2025, que formaliza este compromisso, e a criação da Comissão Técnica para as reformas, demonstraram que o Presidente não teme o debate sobre a revisão constitucional ou a legislação eleitoral. Pelo contrário, lidera-o. Chapo provou que a legitimidade se conquista não apenas nas urnas, mas na capacidade de manter a nação unida quando tudo parece forçá-la à fragmentação. A paz que hoje vivemos, e que nos permite discutir o futuro, é o seu primeiro e maior “golo” político.
A economia: resistência face à fúria da natureza
No plano económico, é imperioso que façamos o “setting the tone” correcto antes que a demagogia tome conta do debate. Sim, a economia contraiu. Mas porquê?
Não podemos dissociar os números da realidade física do território. Em 2025, Moçambique foi fustigado não por um, mas por três sistemas ciclónicos consecutivos: Chido, Dekeledi e Jude. Estes fenómenos não são abstrações estatísticas; representam 1.068 km de estradas destruídas, 143 unidades sanitárias arrasadas e, tragicamente, 127 vidas perdidas. Quando a natureza destrói a infra-estrutura base da produção no Norte e Centro, paralisando a indústria transformadora (-9,4%) e a rede eléctrica (-29,4%), a contracção não é um erro de política económica; é uma inevitabilidade geográfica.
O mérito de Chapo reside na resposta. Perante a quebra de receitas, o Governo não recorreu à austeridade cega. Pelo contrário, lançou o Fundo de Desenvolvimento Económico Local (FDEL). Este instrumento, criado pelo Decreto n.º 4/2025, é a prova de que a FRELIMO compreendeu o recado da juventude.
Ao alocar recursos directamente aos distritos para financiar iniciativas de produção e geração de renda, com taxas de juro bonificadas de 5%, o Presidente Chapo está a operar uma revolução silenciosa. O FDEL não é esmola; é empoderamento. É a transição de uma economia de importação para uma economia de produção local, desenhada para criar empregos reais para os jovens que, outrora, eram presas fáceis para o radicalismo. Enquanto a oposição contesta os números do PIB, Chapo constrói, distrito a distrito, a base para o ressalto económico de 2026.
“Chapodiplomacy”: Moçambique no Mundo
Se internamente o Presidente “arrumou a casa”, externamente projectou-a com um pragmatismo que já apelidamos de “Chapodiplomacy”. Num mundo em fragmentação geopolítica, Daniel Chapo soube navegar com mestria, colocando o interesse nacional acima de alinhamentos ideológicos estéreis.
A renovação da cooperação de segurança com o Ruanda foi vital para manter a estabilidade em Cabo Delgado, permitindo o regresso paulatino das populações e a retoma da confiança dos investidores no gás natural. Mas a diplomacia de Chapo foi além da segurança; foi, sobretudo, económica.
A visita à Itália e o alinhamento com o “Plano Mattei” garantiram financiamentos cruciais na ordem dos 100 milhões de dólares para a digitalização e agricultura. A aproximação à China, consolidada no âmbito do FOCAC e da cooperação bilateral, abriu portas para a industrialização com a “tarifa zero” para os nossos produtos.
Chapo não viajou para fazer turismo; viajou para buscar soluções. Trouxe tecnologia do Brasil, financiamento de Itália e mercados da China. Esta diplomacia activa foi o balão de oxigénio que permitiu ao país manter as Reservas Internacionais Líquidas robustas e a inflação controlada (4,1%), mesmo diante dos choques externos.
Conclusão: um líder para tempos difíceis
Ao dirigirmos o nosso olhar para a Assembleia da República, aguardando o Informe do Chefe de Estado, devemos estar preparados para aplaudir não a ausência de problemas, mas a excelência das soluções encontradas.
2025 foi o ano em que Moçambique foi testado até ao limite. Foi o ano em que a rua gritou e o céu desabou sobre nós. Mas foi também o ano em que descobrimos a têmpera do nosso Presidente. Onde havia ruído, Chapo trouxe diálogo. Onde havia destruição, Chapo trouxe o FDEL. Onde havia isolamento, Chapo trouxe parcerias estratégicas.
O “estado da nação” é de resiliência desafiadora. Daniel Francisco Chapo chega ao fim deste seu primeiro ano com a autoridade moral de quem não se escondeu. A narrativa positiva que hoje construímos não é propaganda; é o reconhecimento justo de que, sob a sua liderança, Moçambique dobrou, mas não quebrou. E porque não quebrou, está agora pronto para crescer.
Gostei! Boa reflexão. Parabéns!